domingo, 27 de julho de 2014

Isso nunca vai acontecer comigo

- “Isso nunca vai acontecer comigo”. Era o bordão que muitos repetiam no início dos anos 90 para lidar com a epidemia da AIDS que surgira em anos anteriores. Na verdade, esse bordão era psicológico: os indivíduos que continuavam a incidir em comportamentos de risco usavam essa mentira interna para aliviarem a própria consciência. Em suas cabeças, o risco sempre soava com algo distante de suas realidades, era coisa que só acontecia a artistas da TV e astros da música popular. Não precisa dizer que essa blindagem mental custou inúmeras vidas e ajudou a propagar a doença em todo o mundo.

Hoje, uma história parecida se repete, só que o agente causador da doença não é biológico, é ideológico. Porém, o comportamento de quem insiste em se arriscar quase não mudou. Hoje, quando apontamos para alguns dos brasileiros que o Brasil está seguindo um caminho muito arriscado, as avestruzes com título de eleitor logo tratam se enfiar a cabeça no chão, ou pensam como aquela turma no início dos anos 90: “isso nunca vai acontecer comigo”. Pior ainda são os que julgam como “paranoicos” e até ridicularizam os que levantam evidências que apontam para um quadro sombrio. Dizem: “esse papo é anacrônico” e “ o comunismo já acabou”. Não importa se você mostra para estas aves que a Venezuela, a Bolívia, o Equador, a Argentina e Cuba existem de verdade e que a situação por lá não está nada boa, elas vão SEMPRE preferir dirigir alguma crítica em forma de ridicularização aos que estão mostrando essa realidade, não vão se dar ao trabalho de procurar saber o que de fato vem ocorrendo nestes países e que, em grande medida, já está ocorrendo com o nosso! Esse pessoal é aquele do sexo grupal sem camisinha, pois “isso nunca vai acontecer comigo”! É bem verdade que tem aqueles que sabem perfeitamente dos perigos que sofrem, mas preferem seguir com o comportamento de risco por não dar valor à própria vida, mas, não é este o caso que quero tratar aqui, me refiro aos que blindam suas mentes com barreiras esotéricas do tipo “isso nunca vai acontecer comigo”, ou “isso não existe”. Este segundo grupo, daqueles que repetem “o comunismo já acabou”, como quem tenta passar uma sensação de que esta sendo sensato, incorre em um erro que vale a pena chamar a atenção: o comunismo imaginado por Marx como o produto final da revolução socialista não acabou pois nunca existiu, como falei antes, acreditar nessa ideia é o mesmo que acreditar no paraíso das virgens. Mas, o comunismo enquanto doutrina, esse, infelizmente, não acabou, e é esse chorume mental que está infectando a mente dos que hoje apoiam o governo que está no poder no Brasil.

Tem também aquela turma que se embanana toda com truques semânticos, alguns pensam assim: - “existe “socialismo” na Escandinávia, logo, o socialismo é bom, então, o capitalismo é mau e, se eu votar em partidos como o PT e o PCdoB, eu vou estar ajudando o Brasil a se aproximar daquele socialismo que vigora na Escandinávia”. Acontece que o socialismo da Escandinávia não tem absolutamente nada a ver com o modelo que está sendo implantado aqui na América Latina, lá o “socialismo” é, na verdade, um CAPITALISMO LIBERAL onde há grande liberdade econômica (financeira, monetária, de propriedade, de comércio, de negócios, de investimentos, independência do setor bancário, etc,etc,etc). A diferença é que nesses países há sim uma enorme rede de seguridade social bancada pela produtividade e competitividade que só os países com grande liberdade econômica são capazes de oferecer a seus povos, portanto, PAÍSES CAPITALISTAS LIBERAIS, porém, com rede de assistencialismo possível devido à eficiência economia, altas tributações sobre a renda (menos sobre as empresas) e contingente populacional pequeno. Não é isso que está em jogo aqui, já que, nos últimos anos, o Brasil e países supracitados somente pioraram no quesito “liberdade econômica”. Por incrível que pareça, o socialismo que querem implementar aqui é o SOCIALISMO MARXISTA do que vimos no século 20. Para os que duvidam, sugiro o mínimo de trabalho para consultar as resoluções e atas de reuniões do PT e de alguns partidos que formam sua base aliada, além de procurar saber o que está acontecendo ao seu redor, como na Venezuela e Argentina, por exemplo! A questão é tão somente isso, é o próprio PT, através de suas resoluções, que afirma que quer construir uma “contra-hegemonia ao capitalismo”, não sou eu. Bem como acontece com o HIV, depois que uma nação contrai uma ideologia tão despótica como essa, não tem volta, não tem cura, terá tratamento, quem sabe, no futuro. Relaxem: “isso nunca vai acontecer conosco”!

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